Fahrenheit 451 é um romance distópico de ficção científica soft, escrito por Ray Bradbury (1920-2012) e publicado pela primeira vez em 1953. Escrito nos anos iniciais da Guerra Fria, o livro é uma crítica ao que Bradbury viu como uma crescente e disfuncional sociedade americana.
O romance apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas antissociais e hedonistas, e o pensamento crítico é suprimido. O personagem central, Guy Montag, trabalha como "bombeiro" (o que na história significa "queimador de livro"). O número 451 é a temperatura (em graus Fahrenheit) da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius.
Através dos anos, o romance foi submetido a várias interpretações primeiramente focadas na queima de livros pela supressão de ideias dissidentes. Bradbury, porém, declarou que Fahrenheit 451 não trata de censura, mas de como a televisão destrói o interesse pela leitura.
O autor conta que todo o romance foi escrito nos porões da biblioteca Powell, na Universidade da Califórnia, em uma máquina de escrever alugada. Sua intenção original, ao escrever o romance, era mostrar seu grande amor por livros e bibliotecas, e frequentemente se refere a Montag como uma alusão a ele mesmo
A história tem a premissa de apresentar um mundo novo, onde as pessoas não se preocupam ou se sentem tristes pelas porcarias que acontecem na vida. Isto, claro, graças a um governo muito autoritário e paciente para alienar as mentes das pessoas… Manipulando com o que mais nos dá poder: a informação.
fhlgPense em um mundo onde você se tornaria um criminoso, geek, por ter um livro em suas mãos. Crime tem punição, e neste caso, era queimar os livros, sua casa e você junto caso resistisse à prisão. O problema conceitual era que em vez da polícia ou militares fazerem esse trabalho, os bombeiros eram responsáveis por exterminar livros. Era o único serviço deles, pois não haviam mais incêndios a apagar. O tempo e a estrutura nova suplantaram a memória da maioria, e o protagonista, Guy Montag, nem se perguntava porque fazia aquilo todos os dias.
Ignorância é sempre um bálsamo até que a inteligência vem como uma brisa e zoneia seus cabelos. No caso, conhecer Clarisse McClellan quando voltava do trabalho foi a oportunidade para que alguns parafusos soltos de Montag voltassem ao seu devido lugar.
Clarisse e sua família eram excêntricos que se reuniam às escondidas para discutirem ideias e passarem histórias adiante – você pode destruir a matéria, mas a memória é mais difícil. A alegria e curiosidade da garota fez Montag enxergar a própria vida como um desperdício de tempo. Era o contrário de sua esposa Mildred, por exemplo, que era quase um artigo decorativo da sala. Ela e suas amigas eram o retrato da alienação completa, vendo um programa muito tonto na televisão (olha ela aí de novo), repetidas vezes e achando a mesma graça em todas as piadas sem propósito.
Com o tempo, Montag começa a se questionar e ficar mais agoniado com todas as dúvidas sem respostas que pairam em sua mente. Em vez de queimar os livros, passou a querer lê-los. E esse novo ânimo não passou despercebido por seu chefe, Capitão Beatty, e nem ao amigo que conheceu para ajudá-lo em busca de respostas, Faber (sim, a analogia é essa mesma da caixa de 36 cores).
Então a guerra começa quando ele não consegue mais disfarçar que não acredita mais em nada do que a sociedade prega como certo. O final é surpreendente, não estava esperando por aquilo diante de tantas distopias que havia lido.
Em um ponto, é verdade que se informando menos e não refletindo sobre os acontecimentos, viveríamos mais tranquilos e sem tantas inquietações. Porém, como íamos tomar consciência da vida e todas as suas nuances? Sobreviver apenas é um negócio muito deprimente.
"Queime tudo, queime tudo. O fogo é luminoso e o fogo é limpo.”
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