Nos subúrbios de Tóquio, sob o assoalho de uma casa velha, Arrietty vive em seu minúsculo mundo com a família, fazendo de tudo para manter em segredo a existência de todos. Sobrevivendo como pequenos ladrões, eles conhecem as regras para que nunca sejam percebidos pelos verdadeiros - e grandes - donos da casa. Para isso, procuram manter a desconfiança deles em cima dos gatos e ratos e tomam todos os cuidados possíveis para evitar de serem vistos. Contudo, quando um jovem rapaz se hospeda na casa, a pequenina Arietty acredita que poderá manter uma amizade com ele, apesar da diferença de tamanhos.
Conhecido como Karigurashi no Arietti no Japão e lançado no ano de 2010 por lá, tal animação do renomado Studio Ghibli chega ao mercado de home video (DVD e Blu-ray) em meados de outubro aqui no Brasil com o título O Mundo dos Pequeninos, e é realmente uma pena que este belo filme não terá uma passagem nos cinemas brasileiros.
Raridades acontecem, e O Mundo dos Pequeninos tirou a sorte grande com esse lançamento surpresa por terras tupiniquins. Roteirizado por Hayao Miyazaki (fundador do Studio Ghibli e diretor de vários clássicos ) em parceria com Keiko Niwa, tal filme é baseado no clássico livro britânico de 1952 escrito por Mary Norton (1903-1992) chamado The Borrowers (Os Pequeninos), e conta a história de Arrietty, uma pequenina de 14 anos de idade que vive debaixo do assoalho de uma casa de família típica. Pesquisadora e curiosa, Arrietty fica amiga de Sho, um garoto com problemas no coração desde que nasceu e que resolve morar com sua tia Sadako na antiga casa de sua mãe esperando por uma cirurgia. Quando a família de pequeninos pensava que estava livre dos problemas, a empregada da casa chamada Haru começa a investigar a possível existência deles com o desejo de capturá-los e mostrar à todos fazendo com que Arrietty juntamente com sua família escapem de seus planos, podendo até sair da casa nas últimas consequências.
Hiromasa Yonebayashi (conhecido também pelo apelido Maro) estreia na direção de forma exemplar recontando a ótima história dos Pequeninos com detalhes ricos nas estruturas da casa como paredes, pregos, vidros, e até os barulhos das madeiras que rangem boa parte do tempo. A beleza das cores é também outro forte elemento que compõe muito bem as particularidades das situações em que os personagens estão, e claro, a diferença de cada cenário que vemos dentro e fora da casa. Para deixar tudo ainda mais brilhante a francesa Cécile Corbel foi escolhida como a compositora oficial do longa deixando-o mais suave, tocante e minimalista à cada momento que ouvimos uma das músicas tocando, preenchendo a tela de alegria e nostalgia ao lembrarmos de uma vida cheia de fantasia e aventura pela qual todos nós sonhamos quando somos crianças. O mais importante é saber que a junção de imagem e som faz transparecer esse sentimento em nós seres humanos/espectadores, e o diretor captou isso muito bem.
Essa é a magia das animações do Studio Ghibli, transportar você para um mundo de fantasia e ao mesmo tempo criar um clima de realidade em cima dessa história nos fazendo acreditar em tudo que está sendo visto em tela.