Quando li a notícia de que Peter Pan ganharia uma nova refilmagem, fiquei animado. Vasculhei a net pesquisando e pelas leituras, o filme seria intitulada simplesmente como Pan O projeto traria Aaron Eckhart como Capitão Gancho, mas o eterno vilão seria um detetive que investigaria o rapto de crianças. Achei uma ótima e sombria ideia que poderia explorar temas complexos e originais dentro do imortal conto de fadas de Peter Pan. Mas depois de assistir o filme. Vi que ele se tornou uma história aventurosamente surpreendente, mas que me deixou totalmente desanimado pelo enredo e pelo que eu esperava levando em conta sobre o que sei acerca da obra de sobre Peter Pan.
Não vejo Pan como uma prequel de Peter Pan. Sim, confesso aqui, que gostei desta prequel. Mas conhecendo bem a história de Peter Pan e tantos outros filmes e series que manteve quase a particularidade. O filme Pan não apresenta particularidades com a obra artística, foram utilizados elementos passados no mesmo nível ficcional, ou um Peter Pan de um universo paralelo. O diretor Joe Wright e o escritor Jason Fuchs podem ter baseado Pan na obra de JM Barrie, a produção é recheada de efeitos especiais de tirar o folego, mas , a história de origem do conto clássico do menino que não queria crescer praticamente foi assassinada nesta produção e uma estrategia para alavancar o filme ou atrair o público foi o ator Hugh Jackman. Para mim, não é um ator ou atriz famoso de destaque e que está no auge de sua carreira que fará com que o filme seja incrível. E, realmente o filme é incrível. Mas parece uma grande criatividade nas novas produções, principalmente, as hollywoodianas. Às vezes algumas dão um bom resultado, outras não. Peter Pan já teve sua história contada em várias produções, sendo que, algumas foram catastróficas, outras não. E este Pan de 2015, acabou sendo uma produção diferente, mas algo satisfatório e surpreendente.
Nessa nova adaptação da Warner Bros, nos é mostrada a história de Peter, um garoto que ainda bebê foi deixado em um orfanato religioso bem rígido, e só para garotos, Os tempos não são fáceis e os rapazes passam fome enquanto as freiras guardam as riquezas e a comida para seu uso pessoal. Peter sempre foi um líder nato e uma criança que luta contra as injustiças. Quando a comida e alguns garotos começam a desaparecer, Peter suspeita que algo não está bem e começa a investigar.
Juntamente com o seu melhor amigo, Peter encontra uma carta da sua mãe e a esperança de a reencontrar nesse mundo ou em outro. Lembrando que a história se passa em Londres, em plena segunda guerra mundial e há bombardeamentos a toda a hora. As freiras que administram o orfanato não são propriamente simpáticas e a madre superiora, comanda a mão de ferro e pelas cenas vemos que as freiras estavam vendendo os órfãos onde eram levados por um navio pirata direto para à Terra do Nunca, lugar onde foi escravizado, assim como as outras crianças, pelo pirata Barba Negra. Peter é obrigado a trabalhar nas minas de Pixum, uma forma de pó de fada cristalizado e o grande tesouro do Barba Negra. Durante o seu trabalho, Peter conhece James Hook, (seu aliado, pelo menos até então, mas bem sabemos que o famoso Gancho, que teve sua mão cortada por Peter e jogada ao Crocodilo, é seu arqui-inimigo, mas isso é outra história, talvez outro filme), James Hook também é prisioneiro do pirata e ambos formam uma aliança improvável. Durante o seu tempo na mina, Peter descobre que há uma profecia que pode mudar o destino de todos. Após ter causado uma confusão, Peter é castigado tendo que andar na prancha, aquela velha execução de todo pirata que se preze, mas descobre que sabe voar. O seu caminho acaba por se cruzar com o infame Barba Negra e a sua aventura na Terra do Nunca começa. A partir daí Peter descobre que pode ser o “protagonista” de uma tradição que ronda a Terra do Nunca e percebe que o reencontro com sua mãe pode estar mais próximo. O filme prossegue com Peter se aventurando em busca de sua origem, ele conta com a ajuda da Princesa Tigrinha (Rooney Mara), de sereias, interpretadas por Cara Delevingne, e do, já mencionado Gancho que o ajudarão a derrotar o vilão que tem planos que podem destruir a Terra do Nunca.
Pan é um filme infantil que diverte adultos sem lhe deixar com tédio por estar assistindo. Joe Wright, propositadamente, inseriu no filme um Indiana Jones (Garrett Hedlund). As roupas e até a caracterização são parecidas com a do grande aventureiro Harrison Ford e ele merece pegar o papel para o próximo Indiana Jones
Eu não sei se foi proposital ou não. Mas, no meio de um filme infantil que diverte adultos sem ficar entediante para crianças, o diretor Joe Wright encontrou – e colocou no filme – o novo Indiana Jones: Garrett Hedlund. Até metade do filme, as roupas são muito parecidas com a do grande aventureiro encarnado por Harrison Ford, mas isso não é o mais impressionante. O que me fez ver que Chris Pratt não é o ator ideal para viver o arqueólogo nos próximos filmes que a Disney irá lançar, foi a interpretação de Hedlund. O cara é muito parecido com o jovem Harrison Ford. Não só fisicamente, mas também nos maneirismos, no timming. Claro, o personagem contribuiu muito… E por isso, o filme que já é muito bom, ficou ainda melhor: Parecia que eu estava vendo Indiana Jones 5: Os Caçadores das Fadas Perdidas.
A atuação de Levi Miller, o garoto que interpreta Pan. Há um potencial para vir a ser um grande ator se não se deixar influenciar negativamente pelos ares de Hollywood. Há também a guerreira Princesa Tigrinha (Rooney Mara) que fará de tudo para proteger o Peter e as Fadas.
Pan, da Warner Bros é um filme alucinante, mas é mais uma “livre inspiração” do que uma adaptação literária propriamente dita. Todos os elementos da história clássica que já fazem parte do imaginário de crianças e adultos estão lá, mesmo que em contextos totalmente diferentes. Nibs, o amigo e braço direito de Peter, o Tic-Tac de um relógio, crocodilos gigantes, ter “pensamentos felizes”, Tigrinha a princesa dos nativos, o trapalhão Senhor Smee ou Barrica , o futuro “Capitão” Gancho e até temos um vislumbre da Sininho. Amarrando toda a trama, temos a inserção de outros elementos originais, como o Barba Negra, famoso pirata inglês e vilão da vez, a exploração do pó de fada feita por meninos escravos em minas, os próprios animais da ilha e o fato de Peter ser órfão que é a escolha clássica na trajetória da maioria dos heróis, filho de importantes personagens para este mundo de fantasia. Os efeitos especiais estão fantásticos! Não seria de esperar outra coisa mas, mesmo na era da tecnologia e há vários detalhes a ter em conta e a história consegue fazer-nos sonhar.
Quanto a trilha sonora, há de se observar referências a clássicos do rock, como Nirvana e Ramones. Aliás, este novo novo Peter Pan tem uma série de referências que passarão completamente despercebidas fazendo do filme uma experiência diferenciada para crianças e adultos. Pan tem uma quantidade considerável tanto de momentos reflexivos quanto de brigas, e até um tanto de violência mesmo que de uma forma fantasiosa e bastante colorida. A etnia de alguns personagens também foi mudada, mas o visual e efeitos dessa super-produção compensam.
Pan (2015) é um filme muito divertido e com uma quantidade razoável de momentos engraçados e com uma proposta bastante diferente do clássico que conhecemos e seguindo a ideia já muito aproveitada nos cinemas de explicar a origem das histórias. É certo que filmes como esse, nunca são pensados como um produto único. Provavelmente e se depender da bilheteria, teremos aqui o primeiro filme de uma trilogia. E ao invés de desgastar o mundo fantástico criado para o longa, de forma sublime, ele é apresentado com muita magia e pouca explicação deixando um gostinho de quero mais.
ATENÇÃO: O download possuí encurtador de links. Veja aqui: "Aprendendo a usar Adf.ly". E veja como usar.