Ressurreição é um romance escrito pelo norte-americano Jason Mott e publicado no Brasil, pela Editora Verus. o Romance serviu de inspiração e adaptação para a produção da série Ressurrection transmitida pela ABC de 9 de março de 2014 a 25 de janeiro de 2015, que teve apenas duas temporadas, sendo cancelada as filmagens da 3ª temporada.

No romance, Harold e Lucille Hargrave perderam o único filho, Jacob, morto tragicamente no dia em que completava oito anos, em 1966. Já na velhice, eles se acomodaram à vida sem o filho, a dor amenizada pela ação do tempo. Até que um dia Jacob reaparece misteriosamente na porta de casa, em carne e osso, a criança meiga e alegre que sempre fora, ainda com oito anos. O fenômeno é mundial  ocorrendo em todo o mundo, pessoas estão inexplicavelmente voltando do além para suas famílias. Vistos por alguns como coisa do diabo e por outros como um milagre, a realidade perturbadora é que o planeta, já sobrecarregado, agora precisa suportar um fluxo descomunal de seres que têm necessidades humanas: comida, água, abrigo, saneamento. Globalmente, esse evento cataclísmico desperta um espectro de reações que refletem o melhor e o pior da natureza humana. Individualmente, muitos precisam decidir se estão dispostos a receber de volta os entes queridos que já não fazem mais parte de sua vida.  Conforme o caos irrompe ao redor do mundo, a família Hargrave se vê no centro de uma comunidade prestes a ruir, forçada a encarar essa misteriosa nova realidade e um conflito de proporções épicas. Com sua prosa contida e elegante e intensa profundidade emocional, Jason Mott explora, em Ressurreição, questões atemporais sobre fé e moral, amor e responsabilidade. Esta é uma história inesquecível que marca a estreia de uma voz ímpar na ficção contemporânea. 

O romance é uma ficção, as pessoas que voltam da morte em locais diferentes de onde morreu ou de onde foram enterradas. Lembrando que neste romance de ficção, o que voltam, retornam como humanos comuns, não como zumbis comedores de cérebros e carne humana. Para alguns, isto é visto como um milagre, para outros este evento é assustador. Assustador em razão de que este fenômeno irá colocar em caos as estruturas de organização social. Veja bem, a morte é necessária para o controle da vida na terra, concorda? Já pensou se em 2016 todas as pessoas que nasceram existissem? O crescimento populacional seria enorme com pessoas nascendo e nada de pessoas morrendo. Há ainda a questão seríssima dos recursos do planeta. Haveriam revoltas, lutas por comida, água, desemprego e o problema maior que é o medo e tantas outras especulações problemáticas. Frente a isso o livro nos aborda colocações sobre o por que das pessoas estão retornando da morte. Se uma pessoa que morreu e retorna, ela é considerada um vivo ou um morto? Apesar de se comportar como um ser humano e de ter todas as necessidades humanas básicas normais. Há a questão das famílias, se, elas estão, ou estarão preparadas para receber um ente querido que se foi e tê-lo  novamente em sua família. E há questões mais profundas acerca das pessoas que foram condenadas a morte ou mortas por crimes hediondas, tipos seria killer, assassinos, etc, etc. O que fazer para lidar com essas questões frente a volta dos mortos? Para cada questões colocadas haveria aqueles lutando pelos direitos dos renascidos. Mas haveria também o fator principal que é o medo. O romance nos mostra também a procura por respostas na fé, nas crenças espirituais. Uns creem que é um milagre divino, outros creem que seja o apocalipse, outros dizem que é uma armadilha arquitetada por Satanás. E assim o livro nos prende nesse romance.

O romance é centralizado na vida da família Hargrave, Em 1966, Jacob, o filho do casal completava 8 anos de idade ele morreu vitima de um afogamento misterioso.  Passados 50 anos, no ano de 2012, Jacob retorna do outro lado do mundo, e ele é levado de volta para sua casa, para os seus pais que agora estariam idosos. Ele é bem recebido pelos pais que agora estão na faixa de 70 anos de idade. Jacob é recebido com susto, choque, alegria, dúvidas e muitas dúvidas, carinho e o medo seguido  pelo medo de perde-lo de novo. Na medida em que vamos nos aprofundando na leitura, o romance mostram pessoas conhecidas e desconhecidas que ressurgem. São vários casos, e cada caso nos mostram as diversas reações das pessoas envolvidas. Alguns  são bem recebidos pela antiga família, outros não aceitam e não acreditam que aquele que voltou seja o membro de sua família. Para aqueles que voltaram da morte o tempo não passou. O problema aqui seria, para os que estão vivos. O livro nos coloca em situações em um artista de sucesso retorna da morte e busca sua esposa que estaria com 50 anos de idade. O pastor que retorna reencontra sua namorada ainda com 16 anos. O tempo para os vivos passou, e muito, e o tempo fez com que eles seguissem em frente continuando suas vidas. É certo que o amor e o carinho pela esposa ou pela namorada tenha morrido ou se esquecido, ou tenha sido compartilhado com  outra pessoa. As memórias e lembranças foram esquecidas ou substituídas, o tempo afastou a dor da perda . E isso é verdade, sempre lembramos de alguém que se foi, as lembranças permanecem, mas o com o tempo aprendemos a suportar a dor da perda e também a esquecer ou a ter apenas as lembranças e a certeza de que a pessoa que passou pela sua vida não irá mais retornar. Mas, quando a pessoa que se foi retornar..... O livro nos lança em uma situação e nos leva em uma trama tremendamente complicada e delicada.

Paralelamente, acompanhamos o personagem Bellamy, que havia perdido sua mãe, e ao se ver na situação de poder passar pelo mesmo que os demais estão passando se deixa mover por uma espécie de empatia por essas famílias. O mesmo faz o papel de uma figura samaritana em meio ao caos. Como se fosse uma forma de retratar sobre o que ele mesmo já havia experimentado, a perda da mãe. Na medida em que aprofundamos na leitura mais e mais pessoas ressurgem e o governo cria uma entidade denominada de a Agência para cuidar, cadastrar e destinar as pessoas às suas devidas famílias. Mas pouco depois tudo começa a sair do controle e surge um atrito entre Ressurgidos e Vivos Autênticos, isso com base na revolta ideológica de parte desses últimos. Enquanto algo maior se desenrola, vemos o drama de várias famílias, cada uma sobre uma perspectiva distinta. Entre crianças, idosos, marginais, artistas e até mesmo famílias inteiras que haviam sido assassinadas, todos retornam.  O livro todo funciona como um grande “e se?”. É isso que difere, por exemplo, este livro de outros que tratam de zumbis como já os conhecemos na literatura, nesse somos incitados a entrar numa situação nada verossímil, mas completamente crível. Além disso, o livro trata de uma forma muito interessante a aceitação. É além de tudo sobre aceitar os outros como eles são, e de outro lado, da luta pela aceitação social. Enquanto as famílias daqueles que retornaram precisam aceitar o retorno, os Ressurgidos precisam lutar pela não segregação a que estão sendo submetidos. Em outras palavras, esse tópico faz analogia a lutas de classes raciais, igualdade de direito e aceitação social. Em acréscimo, o autor diz que escreveu o livro para de certa forma se despedir de sua mãe, para que através do seu “e se” ele pudesse se redimir, ou nos redimir, de acordo com a identificação. É por tratar de redenção que Jason Mott insere como protagonistas uma família que perdeu um filho ainda criança, uma inversão da ordem natural das coisas, por isso Jason dá a chance àquela família de o filho se despedir da mãe e não o contrário. Por fim, é um livro que nos leva a olhar a morte sob um novo ângulo. Embora o autor peque em determinados momentos, como por exemplo no início e no final muito repentino e sem muitas explicações, mas o todo faz com que a avaliação seja de certo modo positiva. 

Título: Ressurreição

Autor: Jason Mott

Editora: Verus

ISBN: 9788576862826

Categoria: Ficção

Tradução: Luiz Augusto da Silveira

Edição: 2014 (1ª)

Ano da obra / Copyright: 2013

Páginas: 336

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