Filme canadense escrito e dirigido por Deepa Mehta. O enredo se passa em 1938 e conta a história das viúvas isoladas em um ashram em Varanasi, Índia. O filme é a terceira parte de uma trilogia que inclui os filmes Fire (1996) e Earth (1998). Water não é um filme indiano, mas canadense, assim como são os outros dois filmes da trilogia dos elementos de Deepa Mehta, Earth (1998) e Fire (1996). Mas Deepa é uma diretora emblemática e com forte presença nos debates indianos a respeito da liberdade de se fazer filmes na Índia, não só no sentido da censura governamental, mas também da censura pública imposta pela própria sociedade com as próprias mãos. Por conta do assunto ser considerado tabu na Índia, a diretora Deepa Mehta enfrentou oposição de grupos hindus fundamentalistas. Precisou encerrar as filmagens em Varanasi, devido à pressão do líder do governo em Uttar Pradesh. Quatro anos depois a produção foi retomada no Sri Lanka. É um assunto que comove, pois a tradição baseada em escritos com mais de 2 mil anos ainda persiste e muitas mulheres são submetidas a viverem em condições miseráveis. "Às Margens do Rio Sagrado" é forte, porém delicado. Faz parte de uma trilogia, iniciada em 1996, com "Fogo", e continuada com "Terra" de 1998. No filme "Água”, de Deepa Mehta, é relatada uma história num cenário bastante diferente dos existentes na nossa cultura. Por exemplo, na nossa sociedade, nunca uma criança casaria, e muito menos com alguém que não conhece, como acontece com a personagem Chuyia.
Título: Às Margens do Rio Sagrado Título Original: Water Genero: Drama, Romance Diretor: Deepa Mehta Produção: David Hamilton Roteiro: Deepa Mehta, Anurag Kashyap Música: Distribuição: Duração:114 min País de Origem: Canadá/Índia Lingua Original: Hindi Ano de lançamento:2005
Seema Biswas - Shakuntala Lisa Ray - Kalyani John Abraham - Narayan Waheeda Rehman - Bhagavati, mãe de Narayan Sarala Kariyawasam - Chuyia Buddhi Wickrama - Baba Ronica Sajnani - Kunti Manorama - Madhumati Rishma Malik - Snehalata Meera Biswas - Gyanvati Vidula Javalgekar - Patiraji Daya Alwis - Saduram Raghuvir Yadav - Gulabi Vinay Pathak as Rabindra Kulbhushan Kharbanda - Sadananda Gerson Da Cunha - Seth Dwarkanath Mohan Jhangiani - Mahatma Gandhi Zul Vilani - Mahatma Gandhi (voz)
Quando o filme começa, uma frase já nos indica em parte a carga do que iremos ver. O filme abre com um trecho de As Leis de Manu, texto sagrado do hinduísmo: "A viúva deve sofrer até a morte, preservada e casta. Esposa virtuosa que permanece pura após a morte de seu marido vai para o paraíso. Uma mulher infiel a seu marido irá renascer no útero de um chacal.” A ação se passa em 1938. Antes da data da independência da Índia que ocorreu em 1947. Logo no início do filme começa, estamos no interior, numa zona rural. Uma carroça leva uma família: um homem doente, uma garotinha de uns sete, oito anos, e outras pessoas. Logo em seguida, há um diálogo entre a garotinha e seu pai. Ele pergunta se ela se lembra da cerimônia do casamento dela, a garotinha não se lembra. E o pai a informa que o marido dela morreu; agora ela é uma viúva. Sim, a gente não sabe disso, ou se esquece: na Índia, aquele planeta tão distante, tão desconhecido quanto o Planeta China, é costume homens adultos se casarem com crianças. Esse costume de casar meninas com homens mais velhos ainda permanece, é uma questão social, mas também econômica. Depois do diálogo entre o pai e a garotinha, (seu nome é Chuyia, e ela é interpretada por uma menina chamada Sarala), que tem desempenho impressionante , veremos que o pai e a mãe dela a entregam a uma grande casa onde só vivem viúvas. Algo como um asilo, quase uma prisão. Só não há uma estrutura definida de comando. Há, naturalmente, algumas mulheres que se destacam na convivência ali dentro, por sua força natural. A viúva-chefa do local é Madhumati, gorda e já nos seus 70 anos de idade. Ela mantém contato com o mundo externo através de uma janela, onde pode conversar com seu amigo e ponte com o mundo, o eunuco Gulabi. E a função de Gulabi é fundamental para a manutenção do ashram, já que, além de atualizar Madhumati das fofocas e trazer-lhe maconha, ele arranja clientes a Kalyani (Lisa Ray). Kalyani, por sua vez, é uma linda viúva do local, com uns vinte anos, e a única com cabelos (todas as outras, de acordo com o que mandam as Leis de Manu, têm os cabelos raspados). Desde que chegou ali, ainda nova, Kalyani foi forçadamente escalada por Madhumati para prostituir-se e, assim, conseguir dinheiro para a manutenção do ashram. Dentre as catorze vúvas dali há uma mulher de meia idade, Shakuntala (Seema Biswas), que tem coragem de enfrentar a velha, é muito séria, brava, misteriosa e uma das poucas que sabe ler. Ninguém tem coragem de se relacionar com ela, nem mesmo Madhumati. Há a jovem belíssima, Kalyani (Lisa Ray), que toma afeição pela garotinha Chuyia e se torna amiga e um tanto protetora dela. A menina ainda não entende por que está na casa das vúvas, e espera que sua mãe a busque, mas conforme os dias passam se dá conta de seu terrível destino. Ao redor há mulheres com vidas miseráveis e no meio delas encontra Kalyani, que mantém seus cabelos compridos, pois é obrigada a se prostituir para manter a subsistência da casa que é bem precária. Um dia, Kalyani encontra, na rua, Narayan (John Abraham) e eles se apaixonam um pelo outro imediatamente. Mas ela era viúva e casar-se com outro homem comprometeria todas as outras viúvas do ashram. Mesmo assim, os dois, secretamente, combinam o casamento. Kalyani, tendo a pequena Chuiya como sua melhor amiga e espécie de pombo-correio do casal, conta tudo a ela. No entanto, Chuiya, inocentemente, acaba contando o plano a Madhumati, enquanto massageava suas pernas. E então a casa cai. Madhumati tranca Kalyani num quarto do andar superior do lugar, raspando-lhe o cabelo. A parte mais tensa do filme desenrola-se a partir daí e é melhor, então,que você assista o filme. Water foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo Canadá, em 2007. A trilha do filme foi composta por Mychael Danna em parceria com A.R. Rahman. A música Aayo Re Sakhi (Chanchan), cantada por Sukhwinder Singh e Sadhana Sargam, foi também indicada ao Oscar de Melhor Canção Original. Dentro da questão social há um diálogo maravilhoso entre Narayan, que se apaixona pela linda Kalyani, e Shakuntala, que acaba por proteger Chuyia. Ela pergunta: Para quê retirar as viúvas da sociedade? Narayan responde: Para terem menos gastos, pois as famílias não querem arcar com mulheres que sinalizam mau agouro, e correr o perigo delas herdarem as propriedades do marido, então se retiram para continuar puras, segundo a religião, mas acabam comendo mal, dormindo no chão, pedindo esmolas, entre outras coisas que estão nessa absurda tradição. A prostituição de moças vêm com intuito do bem-estar de outras, uma hierarquia que se cria. É a velha história de mascarar o sujo com a religião. Narayan é um homem rico, estudado, idealista, dentro do sistema das castas é um brâmane, também é seguidor de Ghandi, que na época foi várias vezes preso por expor seus pensamentos e ensinamentos, no que mais tarde resultaria na independência da Índia. O pano de fundo histórico só faz enaltecer o conteúdo do filme. Narayan se apaixona por Kalyani, o que não é aceitável dentro desta sociedade, mas graças a Ghandi, muitos indianos adquiriram um pensamento mais libertário, e cujo o pai de Narayan era adepto. Indo contra as outras mulheres Kalyani vai embora e decide se casar com seu amado, mas o destino às vezes prega peças das quais são dolorosas demais, e Kalyani desiste. Já o destino de Chuyia está nas mãos de Shakuntala, caso não faça nada terá o mesmo destino miserável dela. É chocante ver a segregação, e a punição que uma mulher viúva tem que passar, o mais inacreditável é que isso ainda existe, devido a crenças milenares. "Às Margens do Rio Sagrado" tem um roteiro excelente, grandioso, assim como a fotografia suntuosa e delicada. É uma história enriquecedora com aspecto humanista. Os velhos hábitos estão sendo quebrados aos poucos, a lei das castas foi abolida em 1950, mas a segregação ainda acontece na mente das pessoas, assim também acontece no que se refere as mulheres que se tornam um peso, após seus maridos falecerem. Para se quebrar uma cultura vai tempo, e só aqueles que desafiam podem conseguir essa tal liberdade. É preciso se desvencilhar dessas tradições machistas e desumanas. E Water encarna tudo isso. O primeiro filme da trilogia de Deepa, Fire, provocou muita polêmica no país por tratar da questão do lesbianismo. Veio Earth e aparentemente não houve muitos problemas. Mas quando ela resolveu filmar o terceiro filme da trilogia, no ano 2000, ela chegou a escalar para seu elenco Shabana Azmi, Nandita Das (ambas que haviam protagonizado o filme Fire) e Akshay Kumar. Estava já tudo acertado e os sets de filmagens estavam quase prontos em Varanasi, quando um grupo de cerca de dois mil hindus radicais destruíram tudo e prometeram incendiar salas de cinema que exibissem o filme quando fosse lançado
"Meus queridos irmãos e irmãs… …por um longo tempo eu acreditei que Deus era a verdade. Mas, hoje eu sei, que a verdade é Deus. A perseguição da verdade… é inestimável pra mim. Eu acredito que será o mesmo pra vocês.” – Gandhi
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