Jeet Kune Do (Chinês: 截拳道 Cantonês: Jitkyùndou Pinyin: Jiéquándào, lit. "O modo de se interceptar o punho"), também Jeet Kun Do ou JKD, é um neo-sistema de arte marcial de combate, desenvolvido pelo artista marcial e ator, o mestre Bruce Lee.
Recentemente, em 2004, a Fundação Bruce Lee decidiu usar o nome Jun Fan Jeet Kune Do para designar o estilo. O nome faz referência à arte ensinada por Bruce Lee, como pretendia quando ainda vivo ou seja, mais próxima da concepção original dele. "Jun Fan" é o nome em chinês de Lee, com a tradução literal sendo "O modo de Bruce Lee de se interceptar o punho." Veja mais em O Tao do Jeet Kune Do.
Origem
Estilo, sem formas fixas, o Jeet Kune Do é um sistema criado por Bruce Lee, que mais que uma arte marcial, é uma síntese de seus próprios pensamentos.
Em última instância o Jeet Kune Do (Caminho do golpe que intercepta) não se resume a uma técnica, mas essencialmente a uma filosofia advinda principalmente da corrente Taoísta, com influências do Zen Budismo, e de Krishnamurti.
Segundo sua mulher, Linda Emery Lee, Bruce sempre se considerou primeiro um artista marcial, depois um ator.
Aficionado pesquisador marcial, Lee dedicou sua vida à análise das teorias e práticas de sistemas de luta. Percebeu a ineficiência para combates reais advindos dos floreios das técnicas clássicas, que chamava de "desespero organizado". Lee considerava que as técnicas clássicas de luta não estavam preparadas para situações reais de combate, preferindo abordagens mais diretas.
“Se sua vida está ameaçada, você não para e pensa: Deixe-me ver se minha mão está na posição correta, ao lado do meu quadril, ou se meu estilo é O ESTILO. Então, por que a dualidade?” (Bruce Lee)
Bruce acreditava que a velocidade era elemento fundamental do combate, e que as técnicas mais simples eram mais rápidas, tanto em velocidade de reação, quanto de aplicação.
Através de experiências em combates reais, percebeu certa dificuldade de vencer através dos métodos clássicos de seu estilo de Kung-Fu, o Wing Chun, considerado um dos mais diretos. Por essa razão, quebrou a abordagem clássica e se desenvolveu em vários sistemas de artes marciais, unificando-as em um estilo único que chamou de Jeet Kune Do. A principal diferença que Lee estava adotando ao seu estilo era a prioridade para a velocidade, usando para isto golpes lineares, ao invés dos tradicionais movimentos circulares das artes clássicas.
Os estilos pesquisados e sintetizados por Lee são o Boxe, a Esgrima, a Eskrima, o Savate, a Luta Livre (Wrestling), o Wing chun (Ving Tsun) que estudou na China, junto com o famoso mestre Yip Man entre outros. Desse modo, o estilo levava em conta os chutes, os socos (e golpes com os braços), o corpo-a-corpo e a imobilização.
A abordagem filosófica do Jeet Kune Do é o mais importante do sistema, já que ele não se limita a conjuntos de movimentos. Para Lee o Jeet Kune Do se desenvolve diferentemente em cada tipo de lutador, porque as pessoas são igualmente diferentes, e não possuem as mesmas características físicas e psicológicas. A “liberdade de expressão” era para ele fundamental dentro de uma luta, e acreditava que um sistema marcial restrito, ou um conjunto de movimentos limitava a habilidade de resposta do lutador, que deve ser completa. O lutador eficaz deveria ser capaz de responder a qualquer tipo de situação. Essa era uma de suas principais divergências quanto aos métodos clássicos, que exploram situações de adversários estáticos em seqüências pré-estabelecidas, “dissecando-as como um cadáver”. Para ele o combate era bem vivo, e muito diferente de qualquer abordagem estática.
Entre as principais contribuições técnicas das pesquisas de Bruce Lee estão as teorias sobre a eficiência dos golpes diretos e simples, jabs com os dedos, técnicas e solo, e principalmente, as interceptações.
Do ponto de vista teórico a importância do controle da “distância”, do “timing” e da “cadência”, quebras de ritmo e dos fatores psicológicos do combate.
Sobre o ponto de vista físico, seus métodos de treinamento, alimentação e principalmente da coordenação e acurácia para desenvolvimento de maior potência dos golpes, através do domínio da tensão relaxamento das fibras musculares no momento dos golpes, além dos processos mecânicos envolvidos em cada um.
Emblema do Jeet Kune Do.
Os caracteres chineses ao redor do símbolo Taijitu indicam: "Usar nenhum meio como meio" & "Tendo nenhuma limitação como limitação" As flechas representam o movimento interminável e mudança do universo.
Entendendo o Jeet Kune Do
Antes de iniciarmos nosso estudo, devemos ter em mente o real conceito sobre o Jeet Kune Do. Ao contrário das outras Artes Marciais, o Jeet Kune Do não pode ser chamado de "estilo". Definí-lo como estilo é perder totalmente o seu objetivo. Na verdade, devemos considerá-lo como uma "ferramenta", ou seja: Jeet Kune Do transcende qualquer conceito de estilo já criado até os dias atuais. Suas técnicas têm o intuito de fazer o praticante desenvolver seu potencial marcial ao máximo, pois ele não irá simplesmente decorar e repetir as técnicas, mas aprenderá a adaptá-las ao seu corpo e à sua habilidade. Também aprenderá a questionar a eficiência e o porquê de cada técnica ser executada de tal maneira. Finalmente terá conhecimento nas áreas de anatomia e física, utilizadas nas Artes Marciais, tais como pontos de pressão, alavanca efetiva, ação e reação, inércia, etc.
Jeet Kune Do é um método pessoal, onde o praticante adapta o estilo ao seu corpo e não o corpo ao estilo. No primeiro caso, o aluno aprende mais rapidamente que no segundo, pois não há a necessidade de treinamentos inúteis, de técnicas que jamais serão utilizadas pelo aluno em uma luta real, pois nunca farão parte de seu instinto natural.
Na maioria dos estilos tradicionais, todos os alunos são obrigados a fazer as mesmas técnicas, independente de seu tamanho, peso ou condição física. Isso faz com que alguns tenham mais dificuldades em adaptar-se ao estilo. Se um professor obriga a um aluno a executar um chute alto, porque a técnica sempre foi executada daquela maneira, os que têm menos flexibilidade demorarão a aprender e a executar perfeitamente a técnica, pois o corpo demorará bastante tempo a adaptar-se a movimentos e a posições às quais não está habituado.
Já no caso de adaptar o estilo ao corpo, a situação se inverte, e o aluno aprende mais facilmente. No caso do exemplo citado anteriormente, por que chutar alto, já que um chute baixo é tão eficiente quanto? Em Jeet Kune Do deve-se questionar o porquê das técnicas... Um aluno pode praticar um chute baixo, enquanto o outro, mais flexível, praticará um chute alto, porém os dois estarão praticando um chute, de igual eficiência, e nenhum deles deixará de aprender novas técnicas porque ficou "preso", aprendendo uma técnica que talvez demorasse um mês ou mais para chegar a uma razoável eficiência e precisão.
A filosofia
Para Bruce Lee, o Jeet kune do é um método pessoal que se desenvolve no íntimo de cada um e a sua filosofia não se limita apenas a um conjunto de movimentos, mas sim à “liberdade de expressão” que um lutador tem e manifesta em combate. Um lutador deve ser capaz de responder de forma espontânea a qualquer tipo de situação e deve fazer isso sem a limitação de uma determinada arte marcial. Assim sendo, o praticante deve adaptar o estilo ao seu corpo e não o corpo ao estilo.
Com este processo, o mestre Bruce Lee procurou demonstrar que um lutador não precisa dominar mecanicamente todas as técnicas de uma determinada arte marcial, pois o corpo humano pode responder de uma forma mais eficiente ao utilizar várias técnicas em conjunto. Lee comparou a sua filosofia ao trabalho de um escultor e indicou que este trabalha o barro para ter uma peça única e o Jeet kune do “deixa fora tudo o que é inútil” e trabalha apenas o que é essencial para a melhor prestação de um lutador em qualquer tipo de combate.
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