Brega é um gênero musical de cunho popular de origem no Brasil. A denominação, originalmente de cunho pejorativo e discriminatório, foi entretanto sendo incorporado e assumido, perdendo parcialmente com o tempo esta acepção.
O brega tradicional é característico pela música com melodias fortes, geralmente tratando de temas como declaração de amor, casamento, traição, desilusões amorosas, entre outros assuntos correlatos. Muitos artistas usam o brega num viés humorístico geralmente com letras de duplo-sentido ou fazendo sátira do cotidiano.
O nome "brega" é motivo de controvérsia no meio musical. Muitos artistas rejeitam esse rótulo, outros assumem com maior facilidade.
Etimologia
A palavra brega deriva da Rua Manuel da Nóbrega, em Salvador, rua esta que ficava numa região de meretrício da capital baiana. Com o tempo, a primeira sílaba da placa com o nome da rua foi ficando corroída e as pessoas passaram a se referir aos prostíbulos dessa região como "brega". A partir disso, o termo se espalhou e, até os anos 1970, tinha também o sentido de "desordem", "confusão", através de expressões como: "isto aqui está o maior brega!", "que brega é esse?", etc, associando um ambiente, ou situação qualquer, ao caos de um "brega" . No início dos anos 1980, o compositor Eduardo Dusek, depois de uma passagem por Salvador, usou a expressão na composição "E o Vento Levou Black", mas conhecida como "Brega-Chic", porém com um sentido diferente da gíria baiana: no novo sucesso de Dusek, a palavra "brega" estava associada a tudo o que fosse "deselegante", "cafona" ou "fuleiro", em uma clara referência ao estilo dos freqüentadores da "Zona do Brega".
Outra origem provável para a palavra brega seria originária do Rio de Janeiro, como uma corruptela da gíria "breguete", palavra pejorativa e preconceituosa, usada pela classe média para designar empregadas domésticas e que por extensão passou a designar também seu gosto característico de origem popular.
História
Raízes
Historicamente, no Brasil, diversos artistas de alguma forma exibiram em seu repertório canções de melodiaforte, mas letras simples e excessivamente românticas (neste caso denominadas "músicas de dor-de-cotovelo"), e que pode ser encontrada desde a década de 1930, em Vicente Celestino, como em O Ébrio e Coração Materno.
Porém o grande introdutor desse estilo foi Waldick Soriano, já nas décadas de 1950 e 1960. O principal sucesso de Soriano foi Eu não sou Cachorro não".
Muitos cantores também seguiram essa temática "romântica", pelos ritmos samba-canção e bolero, e que se fundiram num fenômeno de grande popularidade, nas chamadas serestas, nas vozes de cantores como Anísio Silva, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo, etc.
Décadas de 1960 e 1970
Com a estética dita "de bom gosto" sendo confrontada, nos anos 1960, com a penetração do rock, a música romântica passou a ser qualificada de cafona, principalmente pela juventude da época, como alguns grupos do movimento da bossa nova, que, eram radicais e preconceituosos para com a música chamada de fossa até então. Até hoje muitos consideram a bossa uma ruptura com os estilos anteriores, mas que na verdade, foi uma continuidade bastante própria da sofisticação da mesma música brasileira que dominava na época.
Mas, curiosamente, pela baixa produção, simplicidade musical e seu lado também romântico, a jovem guarda e principalmente Roberto Carlos influenciaram fortemente os artistas de brega nos anos de 1970, 80, 90 e atualidade, sendo que, alguns do movimento aderiram ao brega. O estilo pós jovem guarda ganhou a guitarra elétrica e outras sonoridades, mas musicalmente aderiu ao forte apelo comercial e ao simples. Um exemplo de vários artistas dessa época que aderiram ao brega é Reginaldo Rossi. A ligação estilística do brega à jovem guarda se deve também, pelo rock brasileiro ter surgido numa época em que o samba-canção e o bolero estavam em alta nos anos de 1950, consequentemente gerando uma fusão. Exemplos são Carlos Gonzaga, Nora Ney, Cauby Peixoto, conhecido como o primeiro artista à cantar rock em portugues. A jovem guarda conservou essa influencia latina, e o chacundum (uma base da guitarra rock com influencia do bolero) foi influencia na música do estilo nos anos de 1970 e décadas posteriores, como no brega paraense (o brega pop), vindo da guitarrada com outras fusões estilisticas. A guitarrada tem influencias da jovem guarda, mas principalmente dos estilos paraenses. A guitarrada, mesmo por influenciar o brega pop (este com um apelo bastante comercial), não tem vinculo como o brega, por ser uma música instrumental e de proposta virtuose.
O estilo excessivamente romântico passou, então, a ser difundido quase que exclusivamente nas camadas mais populares, e desprezado nas demais. A década de 1970 foi, portanto, palco para o surgimento de diversos cantores ditos populares, ao tempo que marcou sua progressiva discriminação - até porque houve uma identificação destes com a Ditadura Militar, passando a ser sinônimo de "alienação" ou "escape".
Década de 1980
O fim dos anos 1970 e a década de 1980, representaram uma nova forma da música brega. O termo "brega" passou a indicar músicas mais levadas a dança sensual e outras vertentes mais românticas.
Nessa época se consagraram artistas como Gretchen, Sidney Magal, Wando,entre outros".
Gretchen ficou conhecida como a "Rainha do Bumbum" e emplacou músicas como Conga, La Conga e Melô do Piripiri.
No norte do Brasil consagrou-se a lambada interpretada por artistas como Carlos Santos, Beto Barbosa, Ari Santos, Os Panteras entre outros".
Década de 1990 - 2000
A década de 1990 foi o surgimento do movimento "brega pop" inicado no norte brasileiro. Era um ritmo mais acelerado com ênfase no acorde das guitarras. O resultado desse movimento veio com o sucesso nacional da Banda Calypso.
Há também o "brega eletrônico", popularmente conhecido como tecnobrega que, como o nome já diz, é a fusão dos vários estilos do brega com a música eletrônica. Esse estilo é surgido na periferia paraense.
Obras sobre o brega
O lançamento, em 2002, da obra Eu Não Sou Cachorro Não - Música Popular Cafona e Ditadura Militar, do historiador Paulo Cesar de Araújo, procurou desmistificar a ligação dessa farta produção musical com a Ditadura que vigiu no Brasil de 1964 até 1984, mostrando que ocorrências que remontam a antes deste período, e sobrevivendo a ele; o livro busca ampliar a compreensão deste fenômeno que inclui não apenas os artistas rotulados como bregas, mas muitos da MPB, como Tim Maia, Fagner, Simone, etc. O termo teria assim uma história que independe da época ou de um contexto histórico específico, caracterizando, ao contrário, um gênero ou estilo manifestado por características intrínsecas.
Cantores do bregas brasileiro tradicional
FONTE - Wikipédia
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